Crianças passam por transplante de rim inovador, envolvendo células-tronco (Imagem: AtlasComposer/Envato)
Depois dos primeiros e animadores resultados, a agência Food and Drug Administration (FDA) autorizou a ampliação dos testes para este novo tipo de transplante duplo — oficialmente, conhecido como transplante duplo imune/órgão sólido (Disot, em inglês) — nos Estados Unidos.
Agora, os pesquisadores da Universidade Stanford poderão testar o procedimento em outras crianças e adultos jovens com síndromes raras. No futuro, testes deverão ocorrer também em adultos e a técnica poderá ser adaptada para o transplante de outros órgãos sólidos, como coração, pulmão, fígado e pâncreas.
Os detalhes dessa inovadora técnica de transplante de rins foram publicados em um artigo na revista científica New England Journal of Medicine (Nejm). Anteriormente, cirurgiões e pesquisadores testaram técnicas similares, mas os resultados eram inclusivos e, em algum momento, os pacientes precisavam usar, de forma contínua, remédios para evitar a rejeição da doação dos rins.
Para entender a nova proposta de cirurgia, os pacientes recrutados para o estudo sofriam com problemas imunológicos e insuficiência renal, ou seja, eram casos altamente graves, onde faltavam alternativas de tratamentos seguras e eficazes.
No experimento, as crianças passaram por sessões de radiação no hospital, o que comprometeu e danificou o funcionamento de suas respectivas medulas ósseas. Em seguida, receberam o transplante de células-tronco da medula óssea de um dos seus pais. Passados cinco a 10 meses, após a recuperação do primeiro transplante, cada indivíduo recebeu um rim do mesmo pai que doou as células-tronco.
Hoje, “eles estão fazendo tudo: vão à escola, saem de férias, praticam esportes”, afirma Alice Bertaina, professora associada da Stanford Medicine e uma das autoras do estudo, em comunicado. “Eles estão tendo uma vida completamente normal", acrescenta. Inclusive, a medula óssea e o rim doados foram incorporados pelo organismo.
Isso somente foi possível devido à nova técnica, que elimina a possibilidade do receptor sofrer rejeição imunológica do órgão transplantado. Aqui, vale destacar que a rejeição de órgãos é a razão mais comum para um segundo transplante de órgão.
Na trajetória de adaptação, os remédios imunossupressores foram usador por apenas 30 dias após a cirurgia, quando a medula óssea estava em fase de formação. Passado este período, os remédios para impedir a rejeição não foram mais usados, o que é uma verdadeira inovação do tratamento de pessoas transplantadas.
Como regra, as pessoas que passam por este procedimento usam medicações do tipo por toda a vida. De forma contínua, os imunossupressores impactam a qualidade do sistema imunológico dos indivíduos e eles correm mais riscos quando o assunto são infecções e cânceres.
Novas tecnologias, novos desafios e novas terapias com resultados surpreendentes.
Fonte: canaltech | Fidel Forato
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